Na semana, em que se comemora o 36º aniversário da Revolução dos cravos, não se podem esquecer quais os objectivos definidos, por um grupo de jovens de oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maioria Capitães, que apurando no seu País, a existência de um regime autoritário de inspiração fascista, que subsistiu durante 48 anos, disseram BASTA e o derrubaram, sem grande resistência das forças leais ao governo de Marcelo Caetano.
Os grandes objectivos da Revolução (quase) pacífica do 25 de Abril de 1974, eram três: Descolonizar; Descentralizar e Democratizar.
A Revolução de Abril de 1974 e, tendo decorrido 36 anos, ainda hoje divide a sociedade portuguesa, sobretudo os estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais empenhadas.
A análise que se segue, refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais. Existem actualmente dois pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa, em relação à Revolução dos cravos:
a) Quase todos reconhecem, de uma forma ou de outra, que o 25 de Abril representou um enorme salto no desenvolvimento político-social do nosso país. Mas, as pessoas mais à esquerda do espectro político, tendem a pensar que o espírito inicial da revolução de Abril, se perdeu. Outros, lamentam que a revolução não tenha ido mais longe e que muitas das conquistas da Revolução se têm vindo a perder;
b) As pessoas mais à direita, lamentam a forma como a descolonização e as nacionalizações, foram efectuadas no período pós-25 de Abril, uma vez que estas condicionaram sobremaneira o crescimento de uma economia já então fraca.
Decorridos 36 anos, da Revolução que instaurou a Democracia em Portugal, esta, (infelizmente), parece ainda não ter chegado a todas as partes constituintes do nosso território…
Temos que fazer prevalecer o espírito de Abril, para o futuro das novas gerações e para o futuro do nosso País.
Assim, defendo que o espírito de Abril, se torna tanto mais forte quanto a participação popular. No entanto, esta, na minha opinião, tem três níveis de participação, que devem ser tidos em conta na análise da nossa acção, representando três estádios diferentes de envolvimento político e de consciencialização:
1 – Um primeiro nível, de consciência cívica, que se expressa na simples participação na vida do movimento associativo e das colectividades, sem quaisquer outra preocupação que não seja intervir para o bem comum;
2 – Um segundo nível, de consciência democrática, que se expressa no envolvimento numa força politica, ou num órgão de poder, (seja ele local, concelhio ou nacional) e,
3 – Um terceiro nível, de consciência interventiva, que partindo dos anteriores assume uma postura de intervenção política consequente de transformação da sociedade, que se afere pelo estilo de gestão e pelo nível de realização.
Para finalizar, gostaria de Vos referir, que a Revolução dos cravos, se fez de Homens e Mulheres; de todos os estratos sociais; de civis e de militares; de camponeses e de pescadores, mas, (parece) que alguns já se esqueceram que se agora podem falar e manifestar-se livremente, a esses devem agradecer.
Viva o 25 de Abril de 1974
Viva a Revolução dos cravos
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