A ação do atual governo, de direita, é caraterizada
por “ir além da troika” e impor uma série de medidas recessivas que estão a
destruir a economia, a sociedade portuguesa cujos efeitos nefastos provocados
por estas medidas – quebra de receitas fiscais;
incumprimento sistemático do défice fixado; aumento significativo da dívida pública,
recessão económica cada vez maior, o aumento vertiginoso da taxa de desemprego,
redução do consumo interno, etc. – servem como justificação para assumir que é
necessário fazer outro corte brutal
nas despesas sociais do Estado, ou seja, nas despesas com a saúde, a educação e
segurança social (prestações sociais e pensões).
Isto é, o governo cria o problema com a aplicação das suas medidas recessivas que nos impõe, depois faz o “papel” de vítima e, em seguida, utilizam-na como justificação para impor com maior violência e de uma forma “cega” a mesma politica, apesar desta estar a empurrar o país para o abismo.
Em
apenas 3 anos, este governo, impos cortes na despesa pública que atingem os 13.972
milhões €, e aumentos de impostos que somam 9.032 milhões €, o que somados
atingem 23.005 milhões €, ou seja, 13,7% do PIB médio dos anos 2011, 2012 e
2013.
É um valor
enorme, sendo 8,3 pp referente à despesa e 5,4 p.p. relativo a aumento de
impostos. É evidente que um corte de despesas e um aumento de impostos com
estas dimensões não poderia deixar de ter um impacto muito severo e devastador quer
na economia quer na vida dos portugueses.
Mais
concretamente, no período 2011-2013, o governo pretende reduzir a despesa com pessoal
na Administração Pública em 4.788 milhões €, o que implicará muito menos
trabalhadores na educação, saúde e segurança social pública para prestar
serviços à população. Quando um centro de saúde ou uma escola fechar ou o
atendimento nos serviços da segurança social se degradarem, é importante que os
portugueses não se esqueçam de que isso é a consequência inevitável deste corte
brutal nas despesas com recursos humanos.
O
governo, de acordo com os dados disponíveis, pretende cortar, no período
2011-2013, 4.133 milhões € nas prestações sociais pagas em dinheiro. Isto significa
cortes enormes no subsídio de desemprego (mais desempregados sem direito a
subsidio) e no valor do subsídio (a prova está na recente proposta do governo
de fixar o limite mínimo do subsidio de desemprego abaixo do limiar da pobreza),
e mais cortes nas pensões.
Para
o mesmo período (2011/2013), o governo pretende cortar mais 1.694 milhões € nas
prestações sociais em espécie, ou seja, nos serviços de saúde e na educação
pública prestados à população.
Também de acordo
como os dados do governo, este, pretende reduzir ainda mais o investimento
público, em mais 1.517 milhões €. E isto quando se verifica uma quebra
significativa no investimento privado e, quando por esta razão e devido também
à recessão económica em que o país está mergulhado, era necessário um
incremento no investimento público.
A
nível de aumentos de impostos, os que mais aumentam são aqueles que incidem
sobre os trabalhadores e pensionistas. Assim, de um total de aumento de
receitas fiscais estimado pelo governo em 9.000 milhões €, cerca de 6.139
milhões € (68%) têm como origem rendimentos de trabalho e pensões. Se somarmos
o IRS sobre depósitos a prazo (25% até 2011, e 28,5% em 2013), que também
incide sobre as pequenas poupanças de trabalhadores e pensionistas, é-se levado
a concluir que mais de 70% do aumento de imposto incide sobre trabalhadores e
pensionistas.
E como tudo isto
já não fosse suficiente, o governo anunciou que já tomou o compromisso com a “troika”
de fazer, em 2013 e 2014, mais um corte nas despesas públicas, em mais 4.000
milhões €. É evidente que tal decisão, a concretizar-se, provocará uma tal destruição
do Estado com efeitos imprevisíveis a nível da economia e da vida dos
portugueses, agravando ainda mais a recessão económica e o desemprego.
Mas,
se o governo quer reduzir gastos, por que não corta nas “gorduras” do próprio Estado?
Isto é: existem em Portugal, de acordo com o Dr. Luís Marques Mendes, 1.520
organismos públicos que dependem do Orçamento de estado e que dão lugar a 4.560
Administradores/Gestores, assim distribuídos:
Institutos públicos: 356Fundações públicas: 639
Empresas públicas Municipais: 343
Empresas públicas centrais: 95
Parcerias público-privadas: 87
Se, além do
corte nestas “gorduras” o governo reduzisse ainda as Direções gerais existentes
(pelo menos uma em cada ministério), chegaríamos à conclusão que não seria
necessário reduzir o subsídio de desemprego em 6%, as reformas/pensões em 5%, o
“fim” do subsídio de férias e de Natal, a extinção de 1.165 freguesias, mantendo-se
sem qualquer agravamento o acesso para todos, à saúde e à educação.
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