Numa manifestação convocada pela
internet, apartidária, cívica e muito sentida, intitulada de “Movimento 15 de
Setembro”, tive orgulho deste Povo, que soltou amarras e lutou por si.
Mais de 100 mil pessoas confluíram
para a Avenida dos Aliados no Porto, compostas por Jovens, idosos (que se
manifestaram pela 1ª vez, desde Abril/74), trabalhadores, empresários,
trabalhadores a “recibos verdes”, contratados, funcionários públicos
(professores, trabalhadores da administração local e regional, trabalhadores
judiciais), desempregados, reformados, recém-licenciados manifestaram-se pacificamente,
apesar de indignados, revoltados, constrangidos, unidos em luta por um País
melhor e mais justo! Sem confusões!
Pacíficas, mas não silenciosas! Em
busca de esperança num futuro melhor!
Depois dos Portugueses assistirem
a um constante crescimento da taxa de desemprego, atingindo, pela primeira vez,
os 15,7%, (852 mil), terem ficado sem subsídio de férias, de natal, de redução
das deduções em sede de IRS, do aumento da água, dos transportes, do acesso à
educação, a redução de direitos adquiridos, a diferente formula de calculo das
pensões, das reformas e das prestações sociais, os presentes disseram bem alto BASTA de austeridade sobre os Portugueses, não à redução da Taxa Social
Única (TSU) para as empresas de 23 para 18%, com o consequente aumento
exagerado das contribuições dos trabalhadores com a passagem de 11 para 18%, ou
seja, cada vez mais, é reduzido o rendimento líquido dos trabalhadores.
Mas, pior do que isso: os
cidadãos perceberam que a recente alteração da TSU não combate o défice, não
contribui em nada para o equilíbrio das contas públicas, não é austeridade em
tempos de crise; trata-se de uma medida ideológica, é oportunismo político, é
revisão constitucional dissimulada. E as pessoas não estão dispostas para isso.
Apesar dos cidadãos estarem dispostos a efetuarem cedências, mas não a serem ludibriados.
Portugal acordou de um estado
apático, cristalizador, fez ouvir uma narrativa comum, contada por cerca de um
milhão de vozes individuais. Este dia 15 de setembro, ficará assinalado em Portugal, como o dia em que se iniciou uma
viragem: de uma ideologia, tratou-se de um grito humano.
A Sociedade civil, no exercício
de um dever de cidadania, manifestou-se de uma forma espontânea, pela defesa do
sistema nacional de saúde, pela defesa da escola pública referindo que o
governo eleito pelo Povo deve governar para o Povo e não para o capital.
Hoje o verdadeiro poder manifestou-se e sentiu-se gente que existe, que transforma e que desmente os que fazem da política um aplicador de rígidos modelos académicos, que desvaloriza emoções, que faz da política uma ciência exata, esquecendo que por trás de um número de cidadão existe uma pessoa com vida própria.
Portugal, gritou e mostrou que desafinados, desalinhados e desatinados todos têm voz num país livre e democrata.
Mais do que gritar contra um governo experimentalista, que convive com a existência virtual, mais do que “se lixe a troika”, Portugal gritou: que se lixem, todos os que nos lixaram!
Tal como disse Bagão Félix “Se não
houver um recuo do Governo nas medidas de austeridade, designadamente com a
TSU, vamos ter uma crise politica”.
Há um Portugal mais justo e outro
caminho! Eu estive lá.
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