No passado
sábado, resolvi efetuar uma caminhada, com um grupo de jovens da Vila da
Madalena desde esta Vila à freguesia da Afurada. E, foi com espanto e alguma
perplexidade que verificamos o elevado número de camiões e outra maquinaria
pesada que se localizava na “Quinta do Montado”, ou na mais conhecida “Quinta
Marques Gomes”, efetuando movimentação de terras.
Informei os
jovens que este espaço foi propriedade do empreendedor e
empresário Manuel Marques Gomes (1867-1932), benemérito de várias instituições
e promotor de numerosas obras de interesse público entre finais do século XIX e
a década de 1930. Foi construída em 1905 por Manuel Marques Gomes, um
“self made man” que no final do Séc. XIX fez uma imensa fortuna com negócios de
vinho pelas terras de Vera Cruz. Marques Gomes foi além de um homem de
negócios, um grande benemérito e filantropo, a ele se devem várias estruturas
sociais e públicas da sua terra que nunca esqueceu.
Foi com a
sua generosidade que se construiu o apeadeiro de Coimbrões, se instalou a rede
elétrica, se efetuaram obras na igreja paroquial, se ampliou o cemitério, se fez
um campo de futebol, se construiu a fábrica de cerâmica e armazéns de vinhos,
redes de estradas, apoiou carenciados, tendo contribuído para várias obras de
caridade, além de muitas outras marcas indeléveis que deixou à sua passagem.
Marques
Gomes, também deixou a sua marca no plano da cultura, tendo integrado o Grémio
Literário e o Clube Euterpe (precursor do Atneu Comercial do Porto), tal como
foi benemérito de outras instituições filantrópicas... Enfim, Manuel Marques
Gomes foi uma espécie de ministro da cultura, da saúde, do desporto, do
planeamento, dos transportes, das finanças tendo sido também autarca...
Mas,
voltando à “Quinta Marques Gomes”, no centro desta localiza-se um palacete
de finais do século XIX. Desabitado, tendo sido “ocupado” no período que se
seguiu ao 25 de Abril de 1974. De 1975 a 1991, deu apoio ao Centro
Popular de Canidelo e à Cooperativa para a Educação de Crianças Inadaptadas – Cercigaia.
O palacete
que aqui se ergue é singelamente traçado com uma forte inspiração romântica, em
que poderíamos com facilidade ser transportados para um conto de fadas. De
acordo com várias descrições o seu interior era ricamente decorado com o maior
requinte. Entre frescos, soalhos, estuques, azulejos e cantaria, este palacete
era por si, uma obra de arte.
Além do palacete, nesta quinta, existiam ainda duas
casas de apoio à jardinagem e certamente foram construídas depois do palacete.
Esta propriedade pertenceu, durante algum tempo, ao Espírito
Santo Fundos Imobiliários (Banco Espírito Santo) tendo apresentado um projeto
que previa a construção de 1.100 casas ocupando uma área de 148 mil metros quadrados.
Este ambicioso projeto construtivo gerou muita polémica, tendo levado a Comissão
de Coordenadora de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-n) a chumbar o referido projeto.
Apesar de saber que para a “Quinta Marques Gomes” está
prevista a construção de uma unidade hoteleira, tendo a entidade promotora
aceite uma redução em dois terços da capacidade construtiva, não seria de se
preservar este património, ou parte dele, e colocá-lo ao serviço da população?
Seria mesmo necessário, efetuar-se o abate de árvores, tal como o que foi
feito?
Atendendo à movimentação de terras já efetuada, onde está a
preocupação pela preservação dos 100 mil metros quadrados de espaço verde que,
cedidos à autarquia, iriam permitir a criação do Parque Urbano do Vale de
São Paio?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarinfelizmente por todo o Pais a centenas destes casos e que por culpa dos governantes se está a perder palácios casa e mosteiros conventos perdas essas iecuperareis há que fazer algo para não se perder
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