domingo, 30 de setembro de 2012

O que estão a fazer à “Quinta do Montado”, mais conhecida por “Quinta Marques Gomes”, em Canidelo?

No passado sábado, resolvi efetuar uma caminhada, com um grupo de jovens da Vila da Madalena desde esta Vila à freguesia da Afurada. E, foi com espanto e alguma perplexidade que verificamos o elevado número de camiões e outra maquinaria pesada que se localizava na “Quinta do Montado”, ou na mais conhecida “Quinta Marques Gomes”, efetuando movimentação de terras.
 
Informei os jovens que este espaço foi propriedade do empreendedor e empresário Manuel Marques Gomes (1867-1932), benemérito de várias instituições e promotor de numerosas obras de interesse público entre finais do século XIX e a década de 1930. Foi construída em 1905 por Manuel Marques Gomes, um “self made man” que no final do Séc. XIX fez uma imensa fortuna com negócios de vinho pelas terras de Vera Cruz. Marques Gomes foi além de um homem de negócios, um grande benemérito e filantropo, a ele se devem várias estruturas sociais e públicas da sua terra que nunca esqueceu.
Foi com a sua generosidade que se construiu o apeadeiro de Coimbrões, se instalou a rede elétrica, se efetuaram obras na igreja paroquial, se ampliou o cemitério, se fez um campo de futebol, se construiu a fábrica de cerâmica e armazéns de vinhos, redes de estradas, apoiou carenciados, tendo contribuído para várias obras de caridade, além de muitas outras marcas indeléveis que deixou à sua passagem.
Marques Gomes, também deixou a sua marca no plano da cultura, tendo integrado o Grémio Literário e o Clube Euterpe (precursor do Atneu Comercial do Porto), tal como foi benemérito de outras instituições filantrópicas... Enfim, Manuel Marques Gomes foi uma espécie de ministro da cultura, da saúde, do desporto, do planeamento, dos transportes, das finanças tendo sido também autarca...
Mas, voltando à “Quinta Marques Gomes”, no centro desta localiza-se um palacete de finais do século XIX. Desabitado, tendo sido “ocupado” no período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974. De 1975 a 1991, deu apoio ao Centro Popular de Canidelo e à Cooperativa para a Educação de Crianças Inadaptadas – Cercigaia.

O palacete que aqui se ergue é singelamente traçado com uma forte inspiração romântica, em que poderíamos com facilidade ser transportados para um conto de fadas. De acordo com várias descrições o seu interior era ricamente decorado com o maior requinte. Entre frescos, soalhos, estuques, azulejos e cantaria, este palacete era por si, uma obra de arte.
 Além do palacete, nesta quinta, existiam ainda duas casas de apoio à jardinagem e certamente foram construídas depois do palacete.
Esta propriedade pertenceu, durante algum tempo, ao Espírito Santo Fundos Imobiliários (Banco Espírito Santo) tendo apresentado um projeto que previa a construção de 1.100 casas ocupando uma área de 148 mil metros quadrados. Este ambicioso projeto construtivo gerou muita polémica, tendo levado a Comissão de Coordenadora de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-n) a chumbar o referido projeto.
Apesar de saber que para a “Quinta Marques Gomes” está prevista a construção de uma unidade hoteleira, tendo a entidade promotora aceite uma redução em dois terços da capacidade construtiva, não seria de se preservar este património, ou parte dele, e colocá-lo ao serviço da população? Seria mesmo necessário, efetuar-se o abate de árvores, tal como o que foi feito?
Atendendo à movimentação de terras já efetuada, onde está a preocupação pela preservação dos 100 mil metros quadrados de espaço verde que, cedidos à autarquia, iriam permitir a criação do Parque Urbano do Vale de São Paio?

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. infelizmente por todo o Pais a centenas destes casos e que por culpa dos governantes se está a perder palácios casa e mosteiros conventos perdas essas iecuperareis há que fazer algo para não se perder

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