domingo, 7 de março de 2010

Como quantificamos “qualidade de vida”?

Caro(a) Leitor(a)

Nesta crónica, quero partilhar consigo aquilo que (quase) todos os políticos abordam, (durante as campanhas eleitorais) …. a melhoria da Qualidade de vida….

Mas, como se avalia (quantifica) a qualidade de vida?

Desde 1990, a ONU – Organização das Nações Unidas – constatando o carácter restritivo do PIB, (Produto Interno Bruto), deu inicio á mediação de um desenvolvimento com rosto humano, através do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que sintetiza quatro indicadores (esperança de vida, taxa de alfabetização, anos de escolaridade e PIB/ per capita), e dispõem os, cerca de 160 países, num ranking. Tratava-se de ter alguns aspectos de fácil mensuração e que reflectiriam a efectiva boa consequência do desenvolvimento na vida das pessoas. Os seus pressupostos, são óbvios: quanto maior a instrução, maior a informação e a predisposição para a acção positiva; quanto mais assistida uma pessoa for – em nutrição, saúde, saúde pública, a salubridade no trabalho, segurança – mais longa será a sua esperança de vida.

Assim, passo a referir, alguns dos indicadores de qualidade de vida:

- qualidade habitacional: média de pessoas por m2; quantidade de domicílios ligados às redes de abastecimento de água; de electricidade, de esgotos, de telefones, extensão dessas redes e vias urbanas asfaltadas;

- qualidade educacional: matrículas escolares/ população em idade escolar; nível médio de escolaridade; nível médio de escolaridade feminina, (considerado como factor de alavancagem de desenvolvimento); número de professores secundários/ população em idade escolar; número de jornais e de livros vendidos; número de livrarias disponíveis; número de centros comerciais/ população;

- qualidade da saúde: esperança de vida; mortalidade infantil; morbilidade materna; número de camas e de médicos à disposição da população; relação de mortes por doentes hospitalares; quantidade de proteína animal distribuída à população com menos de 15 anos, na rede pública de ensino e nas creches;

- condições de trabalho: quantidade de acidentes de trabalho/população trabalhadora industrial e agrícola; extensão do horário de trabalho; níveis salariais, médios por sector de actividade; presença de mão-de-obra infantil/total da população trabalhadora.

- diversidade e horizontalidade na comunicação social: número de aparelhos de rádio e de televisões; número de estações emissoras; número de tiragens de jornais impressos; quantidade de salas para cinema e teatro; número de horas semanais de programas de rádio e TV, por cidade com programas informativos, sobre: saúde, meio ambiente, cidadania e educativos em geral; comunicação comunitária (quantidade de jornais, rádios e TV locais); quantidades de bibliotecas por município e freguesia; relação de emissoras, jornais e revistas, por proprietário; número de computadores ligados à Internet;

- qualidade dos transportes colectivos: tempo médio de deslocação entre casa e o local de trabalho; assentos/ hora por veículo colectivo e assento/hora disponíveis sobre trilhos para a população urbana e interurbana;

- qualidade ambiental urbana: área verde e/ou áreas amenas urbanas per capita; distância média de casa a essas áreas; níveis de emissão de CFC (clorofluorcarbono), de dióxido de carbono e de outros químicos; volume e qualidade da água potável disponível; destino final dos resíduos (lixos); valor de equipamentos industriais anti-poluição existentes/ valor da produção;

- qualidade ambiental, não urbana: níveis de acidificação e de contaminação tóxica dos solos; evolução da área de desertificação em relação à área total agrícola e de florestas; taxa de reflorestação x taxa de reflorescimento; distância da área destinada a resíduos radioactivos em relação à área de vida das populações;

- qualidade, pluralidade e horizontalidade nos canais de decisão colectiva: recursos financeiros e humanos, destinados à gestão governamental e não governamental – dos itens acima; velocidade na tramitação processual administrativa e judicial; existência de conselhos democráticos deliberativos, plurais e paritários; acessibilidade à candidatura de cargos electivos.

Gostaria, ainda, de Lhe referir que os países Escandinavos têm outros indicadores sociais, baseados em 3 verbos considerados básicos à vida humana – ter, amar e ser –

Ter – refere-se às condições materiais necessárias a uma sobrevivência livre da miséria: recursos económicos, (medidos por renda e riqueza); condições de habitação (medidas pelo espaço disponível e conforto doméstico); emprego (medido pela ausência de desemprego); condições físicas de trabalho (avaliado pelos ruídos e temperaturas nos postos de trabalho, rotina física, stress); saúde (sintomas de doenças e dores, acessibilidade de atendimento médico); educação (medida por anos de escolaridade).

Amar – diz respeito à necessidade de se relacionar com outras pessoas e formar identidades sociais: união e contactos com a comunidade local; ligação com a família nuclear e parentes; padrões activos de amizade; união e contactos com companheiros em associações e organizações; relações com colegas de trabalho.

Ser – refere-se à necessidade de integração com a sociedade e de harmonização com a natureza, a serem mensuradas com base nos seguintes princípios: em que medida uma pessoa participa nas decisões e nas actividades colectivas, que influenciam a sua vida; actividades políticas; oportunidades de tempo de lazer; oportunidades para uma vida profissional significativa; oportunidade de estar em contacto com a natureza, em actividades lúdicas ou contemplativas.

Não acha, que existe muita diferença entre estas duas formas de quantificamos “qualidade de vida”?....

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